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sexta-feira, 29 de março de 2013

JOÃO JOSÉ BENTO, UM HOMEM DE MUITOS MÉRITOS


JOÃO JOSÉ BENTO, UM HOMEM DE MUITOS MÉRITOS

João José Matias Bento, nasceu em 22/10/1950, na freguesia e concelho da Chamusca.
Homem multifacetado e dum dinamismo e entrega impressionantes, conseguiu desenvolver actividades várias nas mais diferentes áreas. Foi actor, atleta, árbitro auxiliar na 1.ª divisão do futebol nacional, seccionista de basquetebol, dirigente associativo e desportivo, jornalista, repórter, relatador e comentador de rádio e ainda vereador da Câmara Municipal da Chamusca.
Dele pode dizer-se que é um homem infatigável, na procura de colaborar e contribuir para a construção de uma sociedade mais desenvolvida onde a solidariedade e o bem-estar sejam uma realidade.
É, além do mais, um homem de trato fácil, de disponibilidade permanente para participar na vida da Chamusca, concelho a que se dedica com total Amor e Companheirismo.
            
 JOÃO JOSÉ BENTO

            Que motivações o levaram a desenvolver tantas e diferenciadas actividades?
  
     A motivação chegou-me ainda na adolescência, devido ao facto de frequentar as colectividades desportivas e culturais da Chamusca e também por trabalhar na tipografia “ A Persistente”, onde quase todos os meus colegas de trabalho tinham jeito e arte para o desporto e para a cultura. Dentre eles lembro o Manuel da Silva Santos, Eduardo Moreira, Vítor Cegonho, Manuel José Aranha e Gonçalo Cabaço.


            1.º Maio de 1967 "A Persistente"

          A actividade desportiva foi a primeira em que se envolveu, quando é que começou?

        Como o meu tio, Manuel Protásio Matias, jogava ténis de mesa nos Bombeiros Voluntários da Chamusca e as várias colectividades disputavam campeonatos entre si, aos 16 anos acabei por vestir as cores do clube com que simpatizava, o Sporting Chamusquense, e praticar ténis de mesa e também futebol.
Mais tarde com a criação do Grupo Juventude Chamusquense, o Armindo Valério convidou-me para fazer parte do grupo e aceitei.



1968 - Grupo Juventude Chamusquense.
         
       Ainda joguei depois nos Águias de Alpiarça até surgir em 1971 o serviço militar obrigatório, com quase 4 anos de duração, dois dos quais passados em Timor, onde fui campeão de futebol de cinco, de onze e de andebol pela polícia militar.




1973 -Timor – Equipa de futebol de cinco da Polícia Miltar
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Entretanto, ainda na área desportiva, alguns anos mais tarde, consegue chegar ao topo da arbitragem do futebol da 1.ª divisão nacional, como é que isso aconteceu?
            
          A chegada à arbitragem ficou a dever-se a um desafio que o João Francisco Godinho e o João Henriques me lançaram para ir tirar um curso a Santarém, dirigido pelo árbitro internacional Mário Luís. O desafio era ainda maior, porque como nenhum tinha carro tínhamos que ir de bicicleta até à estação do Riachos onde apanhávamos o comboio para Santarém.
            Depois de terminado o curso, em 1980, formámos equipa com o Fernando Vacas, que já era árbitro do distrital.
            Em Agosto de 1985, o professor Alder Dante veio à Chamusca para levar o Fernando Vacas, que já fazia parte da sua equipa, mas como não trazia o outro fiscal de linha convidou-me, na hora, para ir fazer o Chaves-Belenenses. As coisas até correram bem, só que depois fiquei triste porque o outro colega voltou a fazer parte daquela equipa de arbitragem e fiquei de fora.
            Contudo, no último jogo do campeonato dessa época, o Alder Dante voltou a convidar-me, desta vez para fazer um jogo de aflitos, Académica-Salgueiros, e foi assim que comecei verdadeiramente a minha andança na arbitragem nacional, com muito trabalho, dedicação, amor e paixão à causa.



             Alder Dante, João José Bento e Fernando Vacas.

           Quais foram os pontos mais altos da sua carreira na arbitragem?
            
        Todos os jogos eram pontos altos, desde os infantis aos seniores, mas há momentos que marcam a vida de quem andou no futebol de alta competição. O que mais recordo foi, sem dúvida alguma, a Final da Taça de Portugal em 1989, no Estádio do Jamor, num jogo emocionante entre o S. L. Benfica e “ Os Belenenses”. A equipa encarnada era a favorita, já tinha sido campeão nacional dessa época, mas foi o Belenenses que levantou o troféu, vencendo por 2 – 1.





           Fichas do jogo,com a constituição das equipas

      Recordo ainda jogos como Benfica-Sporting, Porto-Benfica, Sporting- Belenenses, Benfica-Braga, Porto-Sporting, Guimarães-Braga e tantos outros com as melhores equipas nacionais.
Ainda fizemos ainda alguns jogos internacionais, como o Portugal-Israel, Porto-Sevilha e Benfica-Paris Saint Germain.
                   Fui também, durante alguns anos, convidado para a arbitragem dos Campeonatos do Mundo realizados pelas companhias aéreas, fazendo parte de equipas com Vítor Correia, Alder Dante, Veiga Trigo, Paulo Parati, Jorge Coroado, Fernando Vacas e muitos outros árbitros nacionais e internacionais.




            Melhor equipa de arbitragem na Madeira, época 86-87, com 12 jogos realizados nesse campeonato – João José Bento, Alder Dante e Fernando Vacas.

 A política surge então na sua vida como forma de desenvolver igualmente objectivos na área desportiva e social. De que forma aconteceu e quando é que exerceu esses mandatos?

          Volto aqui a falar da Tipografia “A Persistente”, como escola de virtudes na formação de homens, e onde a política foi importantíssima para aqueles gráficos que sempre lutaram por um país melhor. A Tipografia deu vereadores como Gonçalo Cabaço, Manuel José Aranha, João José Bento, Emídio Cegonho e até os mais jovens não fugiram à regra, como é o caso do actual vice-presidente da C. M. Chamusca, Francisco Matias, além de outros companheiros que exerceram cargos na junta de freguesia e nas várias assembleias da autarquia.
            Em 1976, fiz parte da 2.ª comissão administrativa, que teve como principal missão a preparação das primeiras eleições livres. Após este acto eleitoral fiquei desiludido, porque fui atirado para o fundo da tabela.
           Em 1989, talvez por ser figura da arbitragem nacional, fui novamente convidado, sendo eleito como vereador por 4 anos, dois dos quais a meio tempo.



            Executivo Municipal - João José Bento, José Melão, Sérgio Carrinho e Francisco Matias.

            Foram 4 anos de ouro para o Município da Chamusca, com equipamentos sociais e desportivos a serem concluídos. Destaco as Piscinas Municipais, o Quartel dos Bombeiros, o edifício das Finanças, o Lar da 3.ª Idade (S. C. M. Chamusca) e tantos outros onde foram investidos quase cerca de 500 mil contos (dois milhões e quinhentos mil euros).
            Como vereador do desporto, tempos livres e juventude, tudo fiz para atingir os objectivos sociais e desportivos. Lembro a inauguração das piscinas municipais e a sua cobertura, o desporto escolar que tinha monitores nas escolas primárias e piscinas, as remodelações dos campos de futebol e o ciclismo profissional, com o Grande Prémio do Ribatejo a ter um final de etapa no Outeiro do Pranto. Foi a primeira e única vez que tal sucedeu na Chamusca.



             Prova de ciclismo- Outeiro do Pranto
            
           Muitas mais manifestações desportivas se efectuaram, mas destaco aqui o trabalho das gentes da Carregueira que, com extraordinário empenhamento, realizaram Taças Nacionais de Triatlo, Torneios de Futebol Jovem - Taça Carlos Arsénio e provas de atletismo, como os corta-mato nacionais, onde o  atleta Rui Silva, medalhado europeu, olímpico e mundial, chegou a vencer.



             Carlos Arsénio entregando a Taça acompanhado do Presidente da Câmara Municipal da Chamusca, Sérgio Carrinho.

            Depois foi a desilusão total com a política. Não consegui resistir à máquina partidária e a todos os interesses de clientelismo. Foi o fim de algo que muito gostava. Mas há males que vêm por bem, pois fechei totalmente aquela porta.

        Na política não chegou a concretizar o que pretendia para a Chamusca. O dirigismo surge como uma alternativa?

       A minha ida para o dirigismo surge devido à necessidade de prosseguir o trabalho de aposta na juventude da Chamusca. Por entender que deveria continuar a ser apoiada e incentivada. Foi o que aconteceu com a minha participação na secção de basquetebol do União da Chamusca, durante alguns anos, quando ainda dava os primeiros passos um grande projecto a nível nacional na formação de jovens basquetebolistas, que eu considero das melhores escolas ao nível do país. Actualmente com o Chamusca Basket Clube a seguir esse caminho fantástico.



            Campeões nacionais de Mini basquete – Estádio Alvalade.
            
         Em Agosto de 1995, fiquei novamente ligado a um projecto histórico no campo desportivo e social, com a participação numa direcção da União Desportiva da Chamusca, que tinha como principal função adquirir a sede, sobre a qual pendia uma acção de despejo decretada pelo tribunal e onde a senhoria exigia 40.000 contos (200.000 euros) pelo imóvel. Foi possível a negociação, com Manuel João Aranha a liderar o processo, e a compra da sede ficou por 16.000 mil contos (80.000 mil euros) a pagar em 5 anos. O elenco directivo que começou e se manteve durante 9 anos, era composto por João Bogalho (Dr.), Manuel João Aranha, Gabriel Bento, João José Bento, José Maria Ferreira, João Lino Brás e Ramiro Bairrão. Passara ainda pela direcção, João Manuel Aranha (Dr.) e João Henriques. Nos derradeiros 4 anos, fizeram ainda parte da Direcção outros elementos: Augusto Silva, Manuel Pires, Luís Vidinha, Mário Pavão e António Murtinheira.
            


 Os Homens do leme – Direção do União Desportiva da Chamusca durante 9 anos
            
       Na parte desportiva foi o preparar de um projecto, que tinha como principal missão a formação de jovens atletas. Foi o que aconteceu durante os 9 anos que passámos pelo clube, nas modalidades de basquetebol, futebol, natação, ginástica de trampolins e kickboxing.
           
  Futebol jovem – equipa de infantis de 1996
          
        Foi o que se pode chamar uma União de Mérito, que durante 9 anos teve competência, trabalho, honestidade, dinamização, inovação, paixão e muita dedicação à causa associativa.     Houve épocas de 16 treinadores, todos com subsídios a tempo e horas, não esquecendo as obras de recuperação da sede no valor de 20.000 contos (100.000 mil euros), candidatura TNS.
            


 União de Mérito
            
      No ano de 2000, finalmente a sede ficou paga com receitas do Restaurante Ascensão, gincanas, vacadas, peditórios, rifas, sorteios e também com a ajuda dos chamusquenses e amigos de todo o país, não esquecendo a Câmara Municipal de Chamusca que comparticipou com 25% do valor para a compra da sede.



            Finalmente a sede é nossa.

          Entretanto começa também a desenvolver algum trabalho no jornalismo e na rádio. Porquê este novo passo?      
No jornalismo, por necessidade de dar a conhecer as actividades do União da Chamusca no desporto e, escrevendo para o “Jornal da Chamusca”, era também possível fazer várias entrevistas com figuras da comunidade chamusquense e desenvolver um jornalismo de investigação e informação.
Foram dois anos em que aprendi muito com todos que trabalhavam para aquele jornal, sobretudo com o Gonçalo Cabaço.



Gonçalo Cabaço 

Quanto à rádio, tudo começou com um desafio do Jovem Valter Madureira, em 1998, para fazer alguns trabalhos com o basquetebol da Chamusca e que aceitei.
            
Jornalista Valter Madureira 




Prospecto Programa "Bola ao Centro"
          
            Quais os principais programas em que colaborou e com que jornalistas trabalhou?

           Fiz muitos programas como repórter, relatador, comentador. Recordo o “Bola ao Centro”, “Campeões à Quarta”, “Magazine Desportivo”, “Tarde Desportiva”, “Em Jogo”, “Jornal de Desporto”, “Coisas do Arco-da-Velha”. Relativamente a grandes reportagens, destaco aqui “O Drama não se Apaga” sobre os fogos de 2003 na Chamusca, mas tive oportunidade de desenvolver muitos outros trabalhos de grande qualidade, em 10 anos de paixão pela rádio, entrevistando igualmente figuras locais e nacionais.           
José João Bento entrevistando Rui Silva, um dos maiores atletas portugueses e europeus de sempre.



         João José Bento entrevistando Manuel Azevedo, provavelmente o maior responsável pela Chamusca ter uma das melhores escolas de basquetebol do país.

Trabalhei com muitos e bons jornalistas: Valter Madureira, um líder na TSF, Nuno Serra Fernandes e Marco Domingos, ambos também naquela estação nacional.
            Lembro aqui também dois companheiros que são do tempo da “Rádio Bonfim” no Centro Cultural, o José Serigado e o Raul Caldeira.



          José Serigado e Raul Caldeira

           Não me posso esquecer de Marcelo Mendes, João Florêncio, Manuel Caipira,  Rute Lopes, Sofia Agostinho Vera Salgueiro.
        Uma referência ainda ao companheiro Jorge Neves, licenciado em ciências da comunicação e actualmente na televisão e rádio do Canadá, jovem com quem aprendi muito na “Rádio Bonfim”, quando esta ainda estava sediada na Chamusca.


                                                           
            Para o fim deixo o Manuel Coutinho, que é o único a trabalhar na “Rádio Bonfim”, com programação. Merecia não ter ficado só por Almeirim, pois tem qualidade para rádios nacionais.
            
Manuel Coutinho – Rádio Bonfim e RCA                                        

Na sua opinião quais as razões que levaram ao encerramento da “Rádio Bonfim” e do “Jornal da Chamusca”?
            
          Tal como a nossa vida, se não for bem orientada e com projectos sustentáveis, não se pode singrar e foi o que aconteceu à rádio e ao jornal. Faltou um pouco de paixão, dedicação, poder criativo e os carolas também vão acabando. A Chamusca tem pouco comércio e indústria e isso tem imenso peso nas receitas dos órgãos de comunicação social.

Era importante a continuação desses dois órgãos de comunicação social na Chamusca?

É uma pena terem desaparecido, criavam alguns postos de trabalhos, davam notícias ao minuto, em cima do acontecimento, com mais pormenor, coisas que os chamusquenses e todos os muitos ouvintes e leitores gostavam de saber.

Sendo um homem que abraçou muitas áreas, a cultura não podia faltar. Como é que ela se desenvolveu na sua vida?

Na minha adolescência, tive a oportunidade de viver de perto com grandes nomes da cultura chamusquense e pela mão de Eduardo Moreira representei pela 1.ª vez “Os Pimentas”. Éramos todos estreantes, num grupo de jovens que representou pelo Sporting Chamusquense.



            1969 - Prospecto da Comédia "Os Pimentas"


1969 - Representação da peça "Os Pimentas"

            Representei ainda em 1970, o Lugre de Bernardo Santareno, pelo Grupo Dramático Musical, com grandes nomes do teatro chamusquense como Joaquim Caracol, José Júlio Urbano, Manuel José Aranha, Armando Palhais e tantos outros bons amadores. Numa peça encenada por Vítor Hugo e que venceu o 3.º Prémio no teatro nacional para amadores, no Monumental em Lisboa.
            Depois de todos estes anos de cultura fico feliz por verificar que as novas gerações continuam a arte de cantar, tocar, representar. Há muita gente jovem envolvida. Temos duas companhias de teatro em plena actividade na Vila da Chamusca e quase todas as freguesias têm o seu grupo de teatro, provando que as tradições e a cultura na Chamusca têm futuro.



             Pedro Caldeira actor da Companhia de Teatro do Grupo Dramático Musical




 "Quico" Matias actor da Companhia de Teatro do Ribatejo.

           Com tantas coisas já realizadas, ainda sente energia para desenvolver outras actividades?

Há que aproveitar o tempo disponível, enquanto não nos tiram o selo de validade, há que ter o cérebro activo e participativo.
            No meio associativo, estou ainda ligado aos Bombeiros Voluntários da Chamusca, há cerca de 12 anos, num grupo muito bem liderado por Eurico Monteiro, com muito trabalho e dedicação e os resultados estão à vista.



            Desfile dos Bombeiros, no 25 de Abril, dia de Aniversário.
        
            Envelhecer com qualidade é o melhor que pode acontecer a cada um de nós, por isso juntei-me ao projecto Juntanima, da Junta de Freguesia da Chamusca, liderada por Aurelina Rufino. Com 11 anos de existência, com OTL Sénior e Tempos Livres para jovens. É um encontro de gerações, onde os mais usados, aprendem informática, inglês, pintura, ginástica, bordados trabalhos manuais, música e agora com a Universidade Sénior a chegar à Chamusca, muitas mais actividades irão surgir.
         
  
Juntanima - Computadores



Coro Juntanima                     
            
         Inseridos neste projecto temos tido muitas participações em espectáculos locais, regionais e nacionais, visitas temáticas a museus, feiras, almoços de convívio e comemorativos, não esquecendo o coro ensaiado pelo consagrado José Pinhal.
É importante envelhecer activo e com mais qualidade de vida, não há que ter preconceitos.
           
Que última mensagem gostaria de deixar?

No final desta minha pequena biografia, a mensagem que gostava de deixar é de esperança e confiança para quem visitar este blogue e em especial para os chamusquenses. Que acreditem nos seus valores, que continuem empenhados e participem nas suas tradições, costumes e saberes, que valorizem sempre o que se faz de bom na Chamusca.
            Aos que nos pensem vir visitar, agora é tão fácil saber o que há de bom nesta vila ribatejana. Basta um simples clique para saber tudo sobre nós.
            Deixo aquele abraço aos cibernautas que visitem este blogue desejando que sejam felizes, mas com aquele predicado sempre muito curioso, façam o favor de fazer ainda mais felizes os outros. O sempre JJ.


Alguns comentários à Entrevista:



  • João Godinho UM GRANDE ABRÁÇO AO J.J. POIS CONTINUA A LUTAR QUE A NOSSA VILA ESTEJA SEMPRE ATIVA,PRINCIPALMENTE OS NOSSOS MAIS VELHOS,E FELIZES DE NÓS CHAMUSQUENSES TERMOS UM J.J.MUITOS MAIS J.J.PODIA HAVER,SEMPRE ATIVO E TENTA ESTAR EM TODOS OS EVENTOS,MUITO MAIS HAVIA A DIZER DO J.J. COMO SER HUMANO,É MUITO AMIGO DO SEU AMIGO,SIMPLES,HUMILDE,SINCÉRO,E UM GRANDE AMANTE DA SUA NOSSA VILA ,CHAMUSCA.BEM HAJA AOS DOIS.UM ABRÁÇO E UMA FELIZ E SANTA PÁSCOA.


NÃO DEIXEM DE LER A ENTREVISTA A JJ BENTO NO BLOG

http://coracoesdachamusca.blogspot.pt/
 — com Raulinho DaSéRaul Caldeira,Manuel GaudêncioCarlos Santos Oliveira e João José Bento.
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sexta-feira, 15 de março de 2013

MANUEL JOSÉ ARANHA, UM EXEMPLO DE DEDICAÇÃO


         MANUEL JOSÉ ARANHA, UM EXEMPLO DE DEDICAÇÃO


MANUEL JOSÉ DA LUZ ARANHA, nasceu em 03/12/1941, na freguesia de Chamusca, concelho de Chamusca, tipógrafo de profissão, mas de personalidade multifacetada, foi desportista, apresentador de espectáculos, poeta, Director associativo e desportivo, dirigente sindical e vereador municipal, dedicando grande parte da sua vida à causa humana, social e cultural da nossa Terra.
Homem de simpatia transbordante e senhor de uma conversa inteligente, culta e, enriquecedora, é uma Figura incontornável da tradição, dos princípios e dos valores que fizeram da Chamusca uma referência no Ribatejo.




- Desde muito jovem começou a desenvolver actividades na área cultural. Quais foram as suas motivações?

Filho de gente do campo com vida dura e difícil, vivendo numa casa sem luz eléctrica, sem água, sem conforto. Aluno com bom aproveitamento no ensino primário, mas sem hipóteses de continuar a estudar, já raspava ruas na idade escolar para ganhar algum dinheiro. Apesar de tudo e creio que por influência do meu pai, que foi um dos fundadores do Sporting Clube Chamusquense, numa altura em que as colectividades tinham uma enorme importância na vida social, desportiva e cultural do nosso povo, desde criança senti despertar em mim o gosto pelas actividades culturais da nossa Terra, acompanhando tanto quanto possível o que havia nessa área. Assim, logo o teatro me contagiou, primeiro como admirador, mais tarde como participante activo.

- Com que idade se iniciou na cena teatral e durante quanto tempo o fez?

A primeira vez que representei em palco foi na Guiné, em Bafatá, no Natal de 1963. Num espectáculo de teatro para as tropas que ali cumpriam serviço militar e das quais eu fiz parte como 1.º Cabo Radiotelegrafista. Recordo que nesse espectáculo participou também o Dr. Luís Goes, famoso cantor e médico de Coimbra, oficial da Companhia de Caçadores 509, colocada em Piché.
Portanto, foi assim que comecei a representar aos 22 anos e me mantive ao longo de um percurso que durou até final do século XX, até aos meus 60 anos.


O boletim de identidade do jovem 1.º Cabo Manuel José Aranha aquando do seu aquartelamento em Bafatá, Guiné.

- Quando é que se estreou na Chamusca e que memórias guarda de peças, actores e autores?

Na Chamusca a estreia aconteceu na peça “Gente Nossa” em 1967.
Em 1970 fiz parte do elenco da peça dramática “O Lugre” da autoria de Bernardo Santareno, encenada por esse consagrado actor amador chamusquense Vítor Hugo Dias Marques, que conquistou para a Chamusca um honroso 3.º lugar no Concurso Nacional de Teatro Amador, que se realizou no Teatro Monumental em Lisboa.
Participei igualmente, na década de 90, numa série de espectáculos de Revista, desse grande autor, encenador e actor João José Samouco da Fonseca, que juntamente com António Lourenço Arrenega e Manuel da Silva Santos constituíam a fina flor do teatro da Chamusca.


Este é o cartaz da peça onde Manuel José Aranha fez a sua estreia no teatro. Curiosamente foi também através da mesma que surgiu pela primeira vez em palco, no dia 30 de Abril de 1967, esse grande fadista da Chamusca e de Portugal, Manuel João Ferreira, com apenas 9 anos, a cantar "Uma Migalha de Gente", poema da autoria da poetisa e encenadora deste espectáculo de grande sucesso, Maria Manuel Cid.



Elenco da peça o Lugre que, no dia 23 de Outubro de 1970, se exibiu com grande sucesso no  Teatro Monumental, em Lisboa, durante o Concurso Nacional de Teatro Amador, onde viria a obter um excelente 3.º lugar. Referência ainda para a exímia encenação de Vítor Hugo Marques.

- Também fez a apresentação de espectáculos e tinha uma forma peculiar de o fazer, escrevendo os próprios textos, ou quadras. Havia em si também uma vontade de ser poeta?

A vontade de intervir oralmente em reuniões públicas faz parte da minha maneira de ser. Talvez seja hereditário. O meu pai também gostava muito de discursar, daí talvez a minha “queda” para apresentador de várias reuniões ou espectáculos. Como sempre tive alguma facilidade para escrever pequenos textos e como a poesia também me seduz, despertou em mim a curiosidade de experimentar, sendo assim um fazedor de versos que nunca se considerou poeta. O que escrevi, em verso ou em prosa era, em regra, para dizer nas acções em que participei. Mas essa febre passou-me. Hoje as ideias chegam e partem quase sem deixar rasto.


1991 - Quadro "As Barracas" - Reposição da Revista "Na Cepa Torta". Manuel José Aranha, António José Mendes, Fernando Ferreira e Elvira Redol.

- O seu prazer de fazer versos estendeu-se também “Ao Enterro do Galo”. Durante anos, conjuntamente com o seu irmão Custódio Aranha, foi um dos principais dinamizadores daquele espectáculo na Chamusca. Como é que analisa o seu contributo  e a existência desta tradição?

O meu querido e saudoso irmão Custódio Aranha, talvez o chamusquense mais activo e participativo na vida associativa da nossa Terra, mobilizou-me para estas andanças precisamente porque eu tinha gosto e algum jeito para construir frases e rimas. Como o “Enterro do Galo”, ao encerrar o Carnaval, não é mais do que um balanço crítico anual das “calhandrices” e dos comportamentos menos recomendáveis da nossa gente e do nosso ambiente, lá estive eu a escrever, a pregar e algumas vezes a ser incomodado pelas “bicadas”
O “Enterro do Galo” é o descarregar da pressão que os “alternados calhandreiros” e as “refinadas alcoviteiras” possuem, para rir e escarnecer dos outros, mas também para se envergonharem das piadas sobre si próprios. É uma tradição bastante antiga, que começou no Sport Chamusca e Benfica e se reportava aos pontos íntimos e críticos daquela colectividade, isto numa altura em que os bailes de Carnaval eram a principal actividade das colectividades desta Terra.
 Através dos tempos o “Enterro do Galo” ganhou asas e sobrevoou toda esta Comunidade de gente boa e maldizente.






Duas fotografias do "Enterro do Galo" realizado no Sporting Clube Chamusquense, em anos diferentes, onde não aparece Manuel José Aranha, mas que são a prova do seu contributo para que este espectáculo de tradição tenha sobrevivido e envolvido outras pessoas. Manuel João Laurentino foi, sem dúvida, uma Figura marcante na continuidade destas noites.

Abaixo transcrevo algumas quadras de Manuel José Aranha, ditas no "Enterro do Galo" dos anos 60. 


Não tenhas tanta peneira
Não pintes tanto a carita
Se não és assim tão feia
P’ra que queres ser tão bonita.

Não uses tu mini-saia
Se não tens pernas p’ra isso
É que enquanto houver presunto
Eu não quero ver chouriço.

Com estes modos e trajos
Que é de partir colheres
Ainda casam dois homens
Ou casam duas mulheres.

Quando ontem a luz fraquejou
E ficou quase apagada
Aumentou a produção
Da velha marmelada.

Dizia as retretes públicas
Uma virtude é esperar
Mas quem é que tem paciência
Estando à rasca p’ra cagar.



- Este seu envolvimento social e cultural acabou por o conduzir à política. Quais eram os seus objectivos quando aceitou ser Vereador da Câmara Municipal da Chamusca?

A revolução de Abril de 1974 e a mudança de regime transformou a nossa forma de viver e o cidadão comum foi chamado a participar nos órgãos de decisão deste país. Eu era tipógrafo, na flor da idade, e não fiquei alheio a essa transformação. Sem objectivos especiais, aceitei fazer parte da Vereação da Câmara Municipal da Chamusca a convite de um partido político, mas como independente, e assim fui eleito Vereador em 1986 para um mandato de 4 anos. Foram-me atribuídos os pelouros da Cultura e do Desporto, cargos que, em consciência, penso que desempenhei o melhor possível, atendendo às condições de empregado de uma empresa gráfica, sem dispor do tempo necessário para um melhor desempenho.


 O cartão do Vereador Manuel José Aranha

- O que é que lhe ficou dessa experiência?

Foi uma experiência muito enriquecedora, pelos contactos, pela noção dos factos, pelo conhecimento que tomei do nosso concelho e da nossa região. Deu-me a conhecer também a força dos partidos políticos nas decisões que são necessárias tomar. Foi uma experiência que me disse ainda; «tu não nasceste para político.»

- É mais fácil realizar obra como político ou cidadão anónimo e independente?

Acho que um cidadão anónimo e independente, com inteligência e vontade de trabalhar, pode realizar uma obra melhor do que o político, que tem que seguir as orientações do seu partido. Mas penso também que é cada vez mais difícil encontrar alguém assim.


1991 - Quadro "As Senhoricas" - Manuel José Aranha, Francisco Monteiro, Céu Campos e Teresa Malaquias.

- Entretanto, devido à sua vida pessoal, foi-se afastando da cultura activa, apesar de continuar a assistir a alguns eventos. Nesta perspectiva, qual é a sua opinião sobre o momento cultural da Chamusca?

Os anos pesam e a saúde ou a falta dela também. Embora afastado da cultura activa, continuo a apreciar e a aplaudir os eventos e as pessoas que os promovem. São valores que não se devem perder e sempre que posso apareço nessas acções.
O momento cultural da Chamusca, no contexto em que vivemos, é bom e recomenda-se e isto porque depois de uma época de ouro que a Chamusca viveu há uns bons anos atrás, fez uma travessia no deserto e hoje despontam no nosso meio valores que colocam a cultura no lugar que lhe pertence, seja no teatro, na escrita, na música e em tudo o que nos enriquece neste campo.


 1997- "Sem Papas na Língua - Manuel José Aranha e Joaquim João Alcobia.


1991 - Reposições das Revistas "Na Cepa Torta" e "Salsifré" - Manuel José Aranha, Raul Caldeira, Manuel Condeço, Teresa Malquias entre outros.





1991 - Reposições das Revistas "Na Cepa Torta" e "Salsifré" - Manuel José Aranha, Raul Caldeira, Manuel José Lino, Maria Emília Vacas, Manuel da Silva Santos, entre outros.

- Sente-se satisfeito com o seu trajecto, ou ainda havia mais para fazer?

À parte a minha vida profissional, no meu trajecto social dei muito do meu tempo à vida associativa da minha Terra. Fui membro Directivo de todas, ou quase todas, as Colectividades e Associações da Chamusca. No desporto, pratiquei futebol na nossa Terra e na tropa fui ainda pescador desportivo e Director. Na área cultural fiz tudo aquilo que atrás referi. Penso que foi um trajecto interessante e bem preenchido, mas não tenho dúvidas que fica sempre alguma coisa por fazer.


             Manuel José Aranha recebendo das mãos de Hélder Ribeiro, outro grande Chamusquense, um troféu pela sua participação e desempenho num concurso de pesca desportiva.


- Que mensagem final gostaria de deixar?

Com esperança que o Mundo e a vida melhorem, deixo esta mensagem: vamos apoiar e incentivar os valores que temos e que vão surgindo, transmitindo-lhes a confiança necessária para que o nosso futuro seja muito melhor.


Comentários à entrevista:



  • João Godinho QUANDO ESTA ENTREVISTA SAIU,NÃO FIZ NENHUM COMENTÁRIO SOBRE A MESMA NEM SOBRE O ENTREVISTADO,FUI UM POUCO INJUSTO,MAS PENSO QUE AINDA VOU A TEMPO,PORQUE PENSO EU QUE NÃO É MUITO FÁCIL FALAR DE UM HOMEM COMO MANUEL JOSÉ ARANHA,UM HOMEM QUE EU CONHEÇO Á 61 ANOS,UM HOMEM COM UM H.BEM GRANDE QUE SEMPRE FEZ E AINDA CONTINUA A FAZER MUITO PELA SUA NOSSA VILA,UM HOMEM BASTANTE HUMILDE,AMIGO,SINÇÉRO,LUTADOR,AFÁVEL,UM HOMEM BASTANTE EDUCADO E RESPEITADOR POR TUDO AQUILO QUE O RODEIA,UM HOMEM SEMPRE COM UMA PALAVRA AMIGA,PARA TODOS,UM HOMEM MUITO AMANTE DA CULTURA,DESPORTO,DA POLITICA DO SEU CONCELHO E NÃO SÓ,UM DOS BONS HOMENS QUE A NOSSA VILA TEM,PARTICULAR-MENTE UM HOMEM QUE EU MUITO ADMIRO E RESPEITO POR SER QUEM É E COMO É PARA TUDO E PARA TODOS,BEM HAJA SRº MANUEL JOSÉ ARANHA,DESEJO-LHE TUDO DE BOM PARA SI E PARA TODOS OS SEUS,COMO CHAMUSQUENSE AGRADEÇO-LHE POR TUDO QUANTO FEZ PELA NOSSA BONITA VILA QUE É A CHAMUSCA..UM FORTE ABRÁÇO DE MUITA AMISADE E RESPEITO.BEM HAJA

    • Manuel Nunes Besouro Sim o Manuel J. Aranha, é um grande exemplo
       que nós devemos de seguir..."


      • Jose Simoes Um forte abraço! para este grande amigo.

      • Conceição Neves um homem com muita humildade e muita cultura um beijo senhor
         manuel josé